A importância da linguagem e da tecnologia diante do não pertencimento social da pessoa LGBTQI+.
Artigo escrito por: Maura Vieira Ambar
Disciplina: LP021 – Introdução aos estudos de linguagem e tecnologia
Professor: Marcelo Buzato
Unicamp 2019
Este artigo traz observações de caminhos seguidos socialmente, onde a linguagem reflete as dúvidas, incertezas sociais e também conquistas das pessoas LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, Queer, Intersexo e muitos mais que for abarcado pela pluralidade do ser humano); bem como as possíveis consequências destes caminhos.
A visão de sociedade heteronormativa (onde somente a referência heterossexual é válida) que ainda prevalece hoje em dia, faz com que a pessoa LGBTQI+ acabe por não pertencer socialmente de diversas maneiras, como ao trabalho, ao ambiente familiar e escolar, uma situação que tem por consequência as mais diversas complicações como evasão escolar, afastamento da família, pessoas em situação de prostituição por falta de emprego, suicídio, abuso de álcool e drogas. Esses são um refugo social que se apresenta, na maioria dos casos por falta de opção de quem nasceu diferente do que era esperado.
Dentre as mais diversas lutas para a aceitação da pessoa LGBTQI+ está o reconhecimento de nome social de travestis e transgêneros. Esta situação obteve importantes progressos com a autorização da troca de nome e sexo em cartório sem a necessidade de vínculo a um advogado ou apresentação de cirurgia de redesignação de sexo. Diante disso, demos um importante passo que legitima a ideia do nome social, que é quando a pessoa transgênero (pessoa trans) é registrada com um nome masculino, mas prefere ser tratada por outro nome, por sua vez, feminino, ou quando a pessoa é registrada com nome feminino e prefere ser tratada por um nome masculino. Na mudança de nome no cartório a pessoa consegue mudar não apenas seu nome, mas também seu sexo na certidão de nascimento, não tendo mais a necessidade de usar o nome social, pois disporá de um nome civil adequado 'a sua subjetividade.
Junto deste importante passo, vêm as relações sociais. Como as pessoas que já conviviam com alguém que mudou o nome vão se adaptar à mudança e tratá-la de acordo com seu novo nome de registro? Também entra a importância desta pessoa que mudou o nome ser pensada como alguém que também mudou o sexo e, diante destas duas importantes mudanças, deve ser tratada de acordo com o gênero ao qual se identifica. A tecnologia e a linguagem contribuem e reproduzem os avanços sociais, norteando a sociedade de forma quase sempre assertiva diante de um assunto tabu, mas necessário, possibilitando acesso para que o pertencimento social aconteça da forma mais natural possível. Isso vale tanto para o caso das pessoas transgênero, como para toda a diversidade de pessoas LGBTQI+.
A educação como ferramenta de transformação
Uma forma bastante eficaz de demonstrar inclusão de pessoas LGBTQI+ na sociedade e entender que a inclusão está acontecendo, além do respeito, é o uso de pronomes de forma adequada. Este uso adequado traz conforto emocional para a pessoa trans, por exemplo, quando o interlocutor tem a oportunidade, em caso de dúvida de como deve tratar essa pessoa, poder perguntar seu nome, ou ainda perguntar como ela gosta de ser tratada. Diante desta dúvida solucionada, fica fácil usar todos os pronomes de forma adequada à sua identidade de gênero. No caso de casais gays, a velha pergunta de “quem é o homem da relação” não faz o menor sentido. Não precisa haver um “homem da relação” ou uma “mulher da relação” para acontecer um relacionamento, sendo essa uma visão marcadamente heteronormativa sobre o universo homoafetivo.
Essa difícil missão ética de aceitar o próximo e suas transformações, tratando o outro de acordo como este se compreende segundo seu gênero, respeitando também sua orientação sexual que, em muitos casos, também pode ser divergente para o olhar heteronormativo, deve ser praticada sistematicamente para que aprendamos como sociedade a lidar com as novas realidades de relacionamentos e identidades. Uma pessoa pode nascer homem e se entender como mulher, logo fará adequações legais para se tornar mulher; porém, nada impede que ela tenha uma orientação sexual homossexual e, ao contrário do que se espera, quando ela se adequar socialmente como mulher, venha a se relacionar com outra mulher. É importante entender que a pessoa pode se identificar com determinado gênero e ainda ter a orientação sexual diferente do esperado. Isso parece inacessível apenas quando pensamos o mundo de forma binária e heteronormativa, onde menino veste azul e menina veste rosa, ou menino deve gostar de menina e menina deve gostar de menino.
A pluralidade de gênero está sendo cada vez mais compreendida e isto nos leva a incluir as mais diversas combinações entre gêneros e orientação sexual, acrescentando também pessoas que se entendem por não binárias. Logo, a sigla LGBTQI+ busca figurar essa diversidade, incluindo Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo e muito mais que possa existir ou ser descoberto na complexidade da pessoa humana.
A necessidade de educar para a inclusão vem em socorro desta busca de incluir pessoas LGBTQI+ em nossa sociedade atual e futura. Seja através do simples uso de pronomes adequados à realidade subjetiva do outro, seja pela consciência de entender a diversidade e incluí-las em nossa realidade social, sem que isso interfira na forma de se entender como pessoa humana e muito menos em sua orientação sexual, como acredita erroneamente uma parcela da sociedade que, provavelmente, ainda não teve acesso à educação inclusiva. Em socorro à realidade de que a educação transforma e ela nos capacitará também nesta difícil tarefa da inclusão, mesmo depois de tantos anos entendendo a diversidade como tabu, Piaget nos mostra um caminho assertivo:
O principal objetivo da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas, não simplesmente de repetir o que outras gerações fizeram, homens criativos, inventivos, descobridores. (PIAGET, 1964, p.5).
O grande desafio dos professores em sala de aula é como falar em inclusão e diversidade, diante de uma avalanche de moralismo e ignorância que acredita que, apenas pelo fato da criança ouvir falar em diversidade de gênero, esta vai sofrer alterações em sua orientação sexual ou vai querer “trocar de sexo”.
Ir além do masculino e feminino, e conscientizar a população de que existe a orientação sexual e esta é independente do sexo de nascimento, ainda é um tabu desafiador que os educadores terão de enfrentar, mas temos progredido apesar dos passos lentos.
Enquanto podemos nos atentar ao simples tratamento com o uso de “ele”, “o”, “senhor”, para quem se identifica como homem mesmo tendo nascido como mulher e, “ela”, “a”, “senhora”, “senhorita”, para quem se identifica como mulher mesmo tendo nascido como homem, é possível transferir essas práticas para a tecnologia, a comunicação e a publicidade, ampliando o uso de recurso que proporcionam inclusão social para pessoas LGBTQI+, conforme veremos a seguir.
A tecnologia e a linguagem na inclusão
Buscando respaldo no pensamento de McLuhan (1964), quando diz que “o meio é a mensagem”, é importante ressaltar que a tecnologia vem trazendo aderência à inclusão de pessoas LGBTQI+ das mais diversas formas. Sites especializados em empregos para pessoas trans foram desenvolvidos e grandes empresas se mostram amigáveis a contratação de transgêneros, conhecidas como empresas trans friendly. Um desses sites é o “TransEmpregos” que hoje tem parceiros como a IBM, Carrefour, Basf, entre outras mais de 140 empresas. Esta iniciativa faz com que uma das grandes dificuldades da pessoa trans, que é conseguir um emprego formal, comece a ser suprida diante desta nova realidade que é amplamente divulgada através da internet criando um imenso banco de dados de profissionais que poderiam estar em situação de rua e prostituição, apenas pelo fato de serem transgênero.
Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar todas as coisas como meio de controlá-las, não deixa, às vezes, de ser um tanto chocante lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é a mensagem. Isto apenas significa que as consequências sociais e pessoais de qualquer meio — ou seja, de qualquer uma das extensões de nós mesmos — constituem o resultado do novo que estarão introduzindo em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos. (MCLUHAN, 1964, p. 21)
A partir do momento em que existe a vontade política e social da inclusão, o meio em que vivemos é transformado e a tecnologia acompanha e amplifica essa transformação. Os cadastros para vaga de emprego foram amplamente modificados para sexo do candidato que, ao invés de terem os tradicionais “masculino” e “feminino”, hoje contam com as opções “outros” e em alguns casos “homem trans” e “mulher trans”.
O desafio de usar a tecnologia a favor da inclusão dessas minorias pode causar estranhamento inicial ao pensar que nem todos se adequaram às novas situações sociais, porém se faz necessária a adaptação que surge no meio não tecnológico. Esta adaptação pode ser vista como uma violência por alguns, algo imposto de forma brusca. McLuhan (1964) quando fala da inserção de nova tecnologia, joga luz sobre os traumas que a novidade produz. De certa forma, quando usamos novas tecnologias temos as vantagens de conseguir uma abordagem diferenciada, com seus ônus e bônus, as quais, após este primeiro impacto, acabam sendo absorvidas socialmente.
Os novos meios e tecnologias pelos quais nos ampliamos e prolongamos constituem vastas cirurgias coletivas levadas a efeito no corpo social com o mais completo desdém pelos anestésicos. Se as intervenções se impõem, a inevitabilidade de contaminar todo o sistema tem de ser levada em conta. Ao se operar uma sociedade com uma nova tecnologia, a área que sofre a incisão não é a mais afetada. A área da incisão e do impacto fica entorpecida. O sistema inteiro é que muda. O efeito do rádio é visual, o efeito da fotografia é auditivo. Qualquer impacto altera as ratios de todos os sentidos. O que procuramos hoje é controlar esses deslocamentos das proporções sensoriais da visão social e psíquica — quando não evitá-los por completo. Ter a doença sem os seus sintomas é estar imune. Nenhuma sociedade teve um conhecimento suficiente de suas ações a ponto de poder desenvolver uma imunidade contra suas novas extensões ou tecnologias. Hoje começamos a perceber que a arte pode ser capaz de prover uma tal imunidade. (MCLUHAN, 1964, p. 20-21)
O não pertencimento social e suas consequências
Uma consequência trágica que assola pessoas LGBTQI+, além de sofrerem violência física e psicológica, é a morte por suicídio. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, grupos vulneráveis que sofrem discriminação, dentre eles indígenas, refugiados e migrantes, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais, tem taxas mais elevadas de suicídio que o restante da sociedade. Pessoas LGBTs em geral, possuem seis vezes mais chance de cometer o ato do suicídio que o restante da sociedade, quando estes convivem em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero, o risco aumenta para 21,5%.
Em dezembro de 2019, concluí um documentário que dirigi e produzi chamado “Suicídio – Assunto Argente” disponível em uma plataforma de vídeos OnDemand chamada RS21 Play, que trata do tema prevenção ao fenômeno do suicídio. Além desta versão documental, disponibilizei as entrevistas na íntegra, divididas por temas. As entrevistas somaram 87 vídeos numa playlist do YouTube; ao todo, mais de dez horas de entrevistas foram disponibilizadas. Esta série foi chamada “Fragmentos do Documentário Suicídio - Assunto Urgente”. O assunto prevenção ao suicídio, tratado através de mídias distintas, trouxe um alcance muito interessante.
O fato de trabalhar documentário na plataforma OnDemand e a entrevista através de um player como YouTube, mostrou públicos diferenciados e com utilizações diversificadas. O documentário foi bastante utilizado em palestras de prevenção ao suicídio, além do uso individual, enquanto as entrevistas atingiam assuntos pontuais por estarem divididas em temas e eram facilmente enviadas para outras pessoas através de link via rede social e comunicadores como o WhatsApp, de acordo com a necessidade de cada assunto tratado.
Poder fazer uso de tecnologias distintas para trabalhar um tema delicado como a prevenção ao suicídio nos coloca diante de dilemas existenciais e éticos que são modificados de acordo com o tempo: num passado recente, a temática suicídio não seria tratada desta forma. No ano 2000 tínhamos um manual de abordagem sobre suicídio direcionado à imprensa que, a meu ver, precisou de atualizações diante da série “13 Reasons Why” exibida pelo canal de vídeos OnDemand Netflix e também através de um jogo de internet chamado “Baleia Azul”, que tratavam o assunto suicídio de forma perigosa e, no caso jogo, conduzia crianças, em sua maioria, às mutilações e ao ato suicida em si. O assunto ficou potencializado e pediu uma comunicação mais ativa que falasse com responsabilidade, mas de forma mais aberta sobre o assunto, colocando em segundo plano o receio do “Efeito Werther”, que dava entender que falar sobre suicídio levava pessoas a cometer ao ato, pelo “Efeito Papageno”, baseado na ideia do conto “A Flauta Mágica” onde os personagens salvaram Papageno e o demoveram de tirar a própria vida.
Qual mídia é ideal para prevenir o suicídio diante da realidade tecnológica mista em que vivemos, aonde a informação chega pelos mais diversos meios? A tecnologia contribui para a propagação das ideações suicidas? Flusser (2007) faz um paralelo entre vida, morte e comunicação:
"A comunicação humana é um artifício cuja intenção é nos fazer esquecer a brutal falta de sentido de uma vida condenada à morte. Sob a perspectiva da ‘natureza’, o homem é um animal solitário que sabe que vai morrer e que na hora de sua morte está sozinho. Cada um tem de morrer sozinho por si mesmo; essencialmente, cada hora é a hora da morte. Sem dúvida não é possível viver com esse conhecimento da solidão fundamental e sem sentido. A comunicação humana tece o véu do mundo codificado, o véu da arte, da ciência, da filosofia e da religião, ao redor de nós, e o tece com pontos cada vez mais apertados, para que esqueçamos nossa própria solidão e nossa morte, e a morte daqueles que amamos. Em suma, o homem comunica-se com outros; é um abraço para o animal ‘político’, não pelo fato de ser um animal social, mas sim porque um animal solitário, incapaz de viver na solidão" (FLUSSER, 2007).
Mas se a sociedade tem a tecnologia e a linguagem em favor da informação, qual a diferença de o que estamos fazendo hoje e o que se deixou de fazer no passado? Por muito tempo se adotou os padrões sociais não inclusivos e estes eram refletidos na mídia na publicidade e até na literatura, a história nos mostra a exclusão de minorias no cotidiano, sem o menor pudor, excluindo quem já é excluído, segregando ao invés de agregar. A importância do pertencer social quando falamos de minorias é refletido por McLuhan (1964), num eterno adequar-se a padrões que essas minorias jamais se encaixariam.
Se o criminoso é visto como um inconformista, incapaz de atender aos ditames da tecnologia, no sentido do comportamento segundo padrões uniformes e contínuos, o homem letrado se inclina a encarar miseravelmente aqueles que não se enquadram nos esquemas. Mais especialmente, a criança, o aleijado, a mulher e as pessoas de cor comparecem como vítimas da injustiça, no mundo da tecnologia tipográfica e visual. Por outro lado, numa cultura que distribua papéis (sentido teatral) em lugar de empregos, o anão, o deformado e a criança criam seus próprios espaços. Deles não se espera que venham a caber em nichos uniformes e repetitivos — sempre fora de medida para os seus tamanhos. (MCLUHAN, 1964, p32)
Nos dias atuais, o poder de repercussão de um ambiente social acolhedor à diversidade já é refletido e amplificado através da publicidade, também formadora de opinião, além das demais mídias como jornais, música e entretenimento. Quando entendemos o conteúdo como ferramenta de inclusão social, tendemos a observar o cotidiano de forma diferenciada, incluindo minorias em público alvo de produtos, falando para esse público em notícias, desenvolvendo projetos culturais direcionados também a eles, entendendo que essas pessoas, acima de tudo, existem. Dá-se então a importância do conteúdo alinhado à ética e a busca da inclusão, pois estas serão amplificadas pelos meios de comunicação e publicidade:
O “conteúdo” de qualquer meio ou veículo é sempre um outro meio ou veículo. O conteúdo da escrita é a fala, assim como a palavra escrita é o conteúdo da imprensa e a palavra impressa é o conteúdo do telégrafo. Se alguém perguntar, “Qual é o conteúdo da fala?”, necessário se torna dizer: “É um processo de pensamento, real, não-verbal em si mesmo.” Uma pintura abstrata representa uma manifestação direta dos processos do pensamento criativo, tais como poderiam comparecer nos desenhos de um computador. Estamos aqui nos referindo, contudo, às consequências psicológicas e sociais dos desenhos e padrões, na medida em que ampliam ou aceleram os processos já existentes. Pois a “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas, humanas. (MCLUHAN, 1964, p. 22)
É uma responsabilidade imensa produzir conteúdo que contemple as mais diversas camadas do tecido social. Diante da facilidade de acesso em nossos smartphones e sua alta velocidade em produzir novas tecnologias e sobretudo, novas formas de se comunicar e relacionar, a ética e o olhar humanista se fazem necessários, entendendo a repercussão futura que pode causar ou desestruturação nas relações sociais, podendo sucumbir valores ético e morais que garantam os direitos humanos e uma sociedade com o olhar voltado para a justiça. Para tanto, o uso da linguagem como mediação cultural se faz necessário. Porém, a linguagem não dá conta de lidar adequadamente com toda a riqueza da experiência humana, mas é a mídia mais poderosa de todas, como nos afirma Chandler (1995). Nesta complexidade do ser humano e seus sentidos, a mídia e suas futuras remediações serão os recursos que nos darão voz e suprirão nossa ignorância, ainda que de forma parcial, por mais que apareçam novas tecnologias, nossa busca sempre é referenciada ou, pelo menos iniciada em uma experiência prévia.
Talvez que o “fechamento” ou a consequência psicológica mais evidente de uma tecnologia nova seja simplesmente a sua demanda. Ninguém quer um carro até que haja carros, e ninguém está interessado em TV até que existam programas de televisão. Este poder da tecnologia em criar seu próprio mercado de procura não pode ser desvinculado do fato de a tecnologia ser, antes de mais nada, uma extensão de nossos corpos e de nossos sentidos. (MCLUHAN, 1964, p. 88)
Diante da responsabilidade como formadores de opinião, sejam escritores, roteiristas, publicitários, cineastas ou até um simples usuário de redes sociais que expõe sua opinião para seus seguidores ou grupo de WhatsApp, devemos nos atentar em repercutir o melhor de nossa sociedade sob a pena maior de divulgar conteúdo que influencie negativamente a sociedade que, muitas vezes se mostra passiva diante das informações que acessa nas mídias, não tomando consciência que, ao formar opinião sobre determinado assunto precisaria se aprofundar no mesmo para não estar sujeita à aventureiros e aproveitadores midiáticos, que de forma inconsequente (ou propositalmente, como é o caso das fake news) divulgam informações não éticas e reproduzem, por vezes, discursos que vão contra os direitos humanos e até à falta de justiça para com o próximo. McLuhan (1964) nos ilumina ao mostrar que as mídias podem ser utilizadas de forma ampla, porém, carrega riscos quando diante de um espectador desatento, carente de senso crítico.
Estou na mesma posição de Pasteur, ao dizer aos doutores que seu maior inimigo era perfeitamente invisível — e perfeitamente irreconhecível por eles. Nossa resposta aos meios e veículos de comunicação — ou seja, o que conta é o modo como são usados — tem muito da postura alvar do idiota tecnológico. O “conteúdo” de um meio é como a “bola” de carne que o assaltante leva consigo para distrair o cão de guarda da mente. O efeito de um meio se torna mais forte e intenso justamente porque o seu “conteúdo” é um outro meio. O conteúdo de um filme é um romance, uma peça de teatro ou uma ópera. O efeito da forma fílmica não está relacionado ao conteúdo de seu programa. O “conteúdo” da escrita ou da imprensa é a fala, mas o leitor permanece quase que inteiramente inconsciente, seja em relação à palavra impressa, seja em relação à palavra falada. (MCLUHAN, 1964, p.33)
A linguagem e a tecnologia de nossas mídias estão à nossa disposição, de profissionais de comunicação e literatura, de publicitários e professores, a usuários de redes sociais e aplicativos. A teoria crítica da tecnologia nos mostra que a esta não é neutra, mas pode ser criada com diversas finalidades, portanto cabe a cada um de nós vigiar a si mesmo pelo uso consciente e inclusivo, primando por uma sociedade mais justa, com oportunidades e direitos iguais pautados na ética e boa vontade.
Referências
PIAGET, J. Development and learning. New York: Cornell University Press, 1964
FLUSSER, Vilém. O Mundo Codificado. 1.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta. São Paulo: Hucitec, 1985.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1964.
Trans Empregos. Disponível em: <http://www.transempregos.com.br>. Acesso em 21 jun.19.
Suicídio entre LGBTs quadriplica em 2 anos no Brasil. Disponível em: <https://poenaroda.com.br/diversidade/suicidio-entre-lgbts-quadriplica-em-2-anos-no-brasil/ >. Acesso em 21 jun.19.
Nações Unidas. OMS: suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-suicidio-e-responsavel-por-uma-morte-a-cada-40-segundos-no-mundo/>. Acesso em 21 jun.19.
Do Efeito Werther ao Efeito Papageno: um roteiro de leitura sobre o suicídio e o papel da mídia. Disponível em: <https://gepesp.org/2018/07/do-efeito-werther-ao-efeito-papageno-um-roteiro-de-leitura-sobre-o-suicidio-e-o-papel-da-midia/ >. Acesso em 21 jun.19.
Documentário Suicídio Assunto Urgente. Disponível em: <https://play.rs21.com.br/gratuito/videos/documentario-suicidio-assunto-urgente >. Acesso em 23 jun.19.
Série Fragmentos do Documentário Suicídio Assunto Urgente. Disponível em: <https://www.youtube.com/playlist?list=PLd5KFSprWaLVPjeLSZhtSf7-G19as1A0u >. Acesso em 23 jun.19.
Matéria: Documentário Suicídio – Assunto Urgente. Disponível em: <https://www.rs21.com.br/noticias/documentario-suicidio-assunto-urgente/>. Acesso em 23 jun. 19.
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